“Pode-se dizer que correr é um passatempo absurdo, pois nos deixa exaustos. Mas se você encontrar algum tipo de significado na corrida, é provável que também encontre significado em outro passatempo absurdo: viver.” Bill Bowerman.
Meia maratona do Rio de Janeiro. Seria possível realizar esse sonho em 2010? Nas leis de corredores, você deve pensar nisso apenas quando se corre 10 km abaixo de uma hora e eu só consegui fazer em uma hora e oito minutos... Mas quando o desejo supera o sonho tudo é possível. Vamos aos treinamentos...
Chegamos ao Rio... A paisagem nos empolga. Passeios, alegria, risadas, conversas, quando pensamos na corrida o coração bate mais forte.
Manhã de sábado. Precisamos retirar nossos kits. Que organização! Começa a emoção. Que camiseta linda! Chega o grande dia, domingo: 22 de agosto de 2010. O telefone nos desperta às 6:30 da manhã. Da janela do hotel parece que o tempo está nublado... Será que vai chover? Um banho gelado para despertar. Band AID nos pés para não dar bolhas. Um top confortável. A camiseta oficial cor azul. Short branco. O tênis... é preciso amarrar muito bem o chip, ele não pode cair, vai marcar o meu tempo. Está frio, mas eu nem sinto. Descemos para o café da manhã... Suco, frutas, pão, mel, peito de peru e café. Estamos ansiosos. Encontramos muitos corredores, de todas as partes do Brasil, não nos conhecemos, nos conhecemos, é muito legal isso, nos cumprimentamos, desejamos boa sorte uns aos outros. A corrida nos une.
É chegado o momento de ir... A ansiedade é grande. A emoção toma conta...
“ A lição de casa foi feita, agora é só realizar” diz meu amigo, incentivador e treinador. Estamos juntos. A primeira meia maratona de ambos. Chegamos ao local da largada: Praia de São Conrado... Sol maravilhoso. Mar azul... Coqueiros imponentes formam o cenário perfeito para ser visto e registrado em fotos. É muita gente chegando... 19.000 pessoas. Vemos ao longe uma faixa: Londrina. Vamos encontrar nossos amigos. Estamos no meio da multidão. É só alegria. Fotos. Abraços.
É dada a Largada: 09h00min. O coração dispara. Meu amigo me abraça e diz: boa sorte. Estou no meio de milhares e ao mesmo tempo só... Eu e eu... A subida tão temida... KM 1...ladeira. Estou bem. Ritmo legal... KM 2 acaba a subida, não foi tão difícil... Av. Niemeyer... Leblon estamos no quilometro 5. Primeiro posto de água gelada. O sol começa a ficar mais forte. Corredores me ultrapassam, mas eu também ultrapasso alguns. Penso que estamos no quilômetro 10, mas que decepção ainda estamos no sete... Quando passamos pelo KM 08 é nos dito que estamos correndo a 45 minutos. Um bom tempo. Começo a ficar cansada. É muita emoção... A paisagem é deslumbrante... Estamos passando pela praia de Copacabana. Ao longo de todo o percurso, há pessoas nas calçadas dando a maior força! É isso aí!! Vamos em frente... Está quase chegando. Dá vontade de chorar! Entramos no túnel de Copacabana. Um barulho ensurdecedor..Para mim a pior parte do percurso. Falta ar... Será que estou ficando ofegante? Fim do túnel... KM 12. Que maravilha!! Só falta nove... Aterro do Flamengo.... Fazemos a curva KM 17. Vejo a minha esquerda milhares de pessoas que estão atrás de mim. Não olho para as que estão na frente. Do meu lado Raimunda, uma corredora de Fortaleza, mesma idade que eu. Começamos a conversar, vejo que não estou tão mal, consigo falar... Estou muito cansada... Minhas pernas doem... Penso: Estou quase chegando. E é verdade. 
Vejo meu amigo Tadeu vindo me buscar...Ouça a música! Falta 500 metros... Cidinha vamos!!! Vejo o pórtico. Escuto o grito dos meus amigos e fotógrafos: Rosy e Henrique... Foi a corrida mais emocionante da minha vida! Cruzo a linha de chegada!!! Recebo e dou um grande abraço. Entrego o chip e recebo a MINHA MEDALHA! Correr nos ensina a nos desafiar. A ir além de onde jamais imaginamos que pudéssemos chegar. E ajuda a descobrir do que somos feitos. É isso que somos. E é isso o que importa!
